quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Uma besta de carga

Os mais atentos certamente recordar-se-ão de quando aqui (link) falei do “antes, “durante” e “depois” de uma viagem. É então tempo do tal “depois” muito especial de que vos falei, com a MOTOCICLISMO a cristalizar em papel e digitalmente essa viagem. Aos poucos irei ainda reciclar por aqui no Escape esse conjunto de textos, tentando ilustra-los com algumas das fotos que não foram publicadas em revista. 

E começo por aquele que fez “correr alguns zeros e ums” num grupo de utilizadores da Crosstourer no Facebook. 

Isto não é mais um teste; isto é realidade. A mota aqui utilizada é Honda Crosstourer DCT nova com pouco mais de mil quilómetros. A VFRX1200 ficou famosa por perder todos (cito de cor) os comparativos onde entrou. Sete mil e quatrocentos quilómetros depois compreendo. A maxi-trail da Honda não é excelente em nada mas, sublinho, é muito boa em variadíssimos aspetos. O conforto para uma viagem assim fica aquém do desejável, a autonomia também não é a melhor para uma viagem destas e, sobretudo, o motor desilude na alta montanha a dois (pesados) e com carga no limite - com cerca de quinhentos quilos em ordem de marcha, a segunda velocidade apresenta-se demasiado longa nas mágicas estradas com ganchos. Mas, como disse, há aspetos irrepreensíveis. Com tanto peso a ciclística apresenta sempre um comportamento eficaz mesmo quando é necessário travar um pouco mais além do desejável ou corrigir uma determinada trajetória. Mas, onde esta besta de carga brilha, é no fabuloso DCT; o sistema de dupla embraiagem desenvolvido pela Honda é o futuro presente e torna uma viagem assim ainda mais divertida. O consumo foi de 5,8 l/100 km dinamitando assim a ideia muito popular de que a “Crosstourer gasta muito”. 

Eu aceito que quando alguém compra algo pense ainda que ingenuamente ser tal coisa perfeita. Pois, lamento desiludir-vos: como deveriam saber, raramente é assim! 

É absolutamente assustador a total ausência de espirito crítico de alguns – para não lhe chamar coisa mais feia. Num texto carregado de referências elogiosas à Crosstourer a “língua foi tocar lá onde o dente doi”. Pois quem tem uma Crosstourer e acha que tem a melhor e mais perfeita mota do mundo desengane-se. Sugiro que poupe umas massas, carregue a mota bem carregada, arraste-se pelas autoestradas ibéricas e francesas e chegue enfim aos Alpes. Ai carregue-a ainda mais e vá subir acima dos dois mil e muitos metros durante quinze dias. Depois…, bem depois venha-me então dizer o que é e quanto vale a “perfeita” Crosstourer que os malandros dos jornalistas vendidos à marca da hélice se fartam de dizer mal.

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